segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Brasileiros vencem as quatro principais e frustram planos de Dana


Brasileiros vencem as quatro principais e frustram planos de Dana

  Marcelo Alonso, de Las Vegas (EUA)


Marcelo Alonso
Brasileiros brilharam no UFC 156
Brasileiros brilharam no UFC 156


Quando Dana White ou qualquer promotor planeja um evento, não há como negar que ele tem sua torcida pessoal, principalmente nas lutas principais. Independente da nacionalidade dos lutadores em questão, o que mais importa para o cartola é que os vitoriosos possam lhe garantir excelentes pay per views com casamentos de lutas futuras.

No caso do card do UFC 156, três lutas tinham interesse especial para o promotor, pois, dependendo dos resultados, já lhe garantiriam lutas principais para três eventos distintos, com enorme potencial de vendas: Se Rashad vencesse Rogério, teria uma chance contra Anderson Silva; Se Overeem nocauteasse Pezão, garantiria o title shot contra Cain Velasquez (que já vencera Pezão) numa luta com alto potencial de vendas. A noite seria ainda mais perfeita para Dana e Joe Silva (matchmaker do UFC) se Edgar vencesse Aldo, garantindo outro estouro de pay per view numa aclamada revanche, possivelmente em Nova Jersey, terra do antigo campeão dos leves.

Se tudo acontecesse assim, Dana teria sonhado com anjos e muitos cifrões quando fosse dormir após o UFC 156. O problema é que os brasileiros não estavam nem aíi para os sonhos do patrão e acabaram lhe tirando o sono.

O imparável José Aldo

Como Frankie Edgar já havia vencido alguns dos maiores lutadores do peso de cima (como Gray Maynard e BJ Penn), tendo perdido duas vezes para o atual campeão, Ben Henderson, em luta duríssima, muitos imaginavam que o americano complicaria a vida de Aldo entre os penas, mas não foi bem isso que ocorreu.

Apesar de alguns colegas da imprensa americana insistirem que foi uma luta dura, que poderia ter sido dada para qualquer um dos lutadores, o que de fato se viu foi um domínio absoluto por parte do brasileiro, que foi tão superior nos três primeiros rounds, que acabou deixando o oponente se animar no 4º round, empurrado por sua torcida que a esta altura já tinha visto três vitórias brasileiras.

No intervalo do 3º para o 4º round, a certeza de vitória era tanta que Pederneiras, conhecendo o ímpeto do americano, gritou para o pupilo: “a luta acabou, agora é administrar”.

Aldo cumpriu a estratégia com perfeição e mereceu a vitória.

Na sala de imprensa, um colega veio questionar a vitória do brasileiro, reclamando que ele amarrou no final e que perdeu os últimos dois rounds, mas que achava que o terceiro foi empate e, por isso, em sua opinião, o empate seria o resultado mais justo. Foi quando respondi: “Seria o maior roubo da história do UFC. Vocês elegem o Greg Jackson o maior treinador do mundo quatro anos seguidos, exatamente por ele saber jogar na tática, mas quando é contra vocês, o lutador é amarrão e não merece vencer? Assim fica difícil entender”. Diante do clima desagradável, o companheiro mudou até de assunto.

Hoje de manhã, enquanto fazia o check out no Mandalay para voltar ao Brasil a tempo de pegar o aniversário do filho, Pederneiras me revelou que até aceita que Aldo suba, mas para lutar direto pelo cinturão. “Não colocaram o Edgar direto com o Aldo, vindo de duas derrotas e sem vencer ninguém da categoria? Então, o Aldo vem de 15 vitórias seguidas e 4 defesas de cinturão, não querem ele lutando entre os leves? Então coloquem ele direto com o vencedor da luta entre Ben Henderson e Melendez, seria justo”.

Team Nogueira x Blackzilians: uma lição de humildade

Pelas declarações dos representantes da Blackzilians, Rashad Evans e Overeem, na coletiva de imprensa realizada na quinta feira, a impressão que se tinha é que ambos enfrentariam lutadores do segundo time. Não é exagero dizer que mais da metade das respostas de Rashad direcionavam os jornalistas para uma possível luta com Anderson Silva, possibilidade que já havia sido aventada por Dana. O fato de treinar com Zé Mario e Vitor Belfort, dois ex-companheiros de treinos de Rogério, também era apontado pelo americano como um diferencial para sua “tranquila” vitória. “Eles conhecem muito bem o jogo do Rogério, te confesso há muito tempo não chego tão tranqüilo para uma luta”, disse Rashad, parecendo esquecer que do outro lado estaria um cara que já finalizou Dan Henderson e o companheiro de treinos dele, Overeem.

Este, aliás, nem cogitava a possibilidade de uma luta dura. “Eu sou melhor que ele em tudo, simplesmente não vejo como ele me vencer. Vou destruí-lo e provar que sou o melhor pesado do mundo, conquistando logo em seguida o cinturão do UFC”, afirmou varias vezes Overeem.

Este clima de já ganhou me fez lembrar muito uma outra luta que cobri de Pezão, contra um tal Fedor Emelianenko... Quando o brasileiro era muito mais zebra do que neste UFC, e ele fez o que fez com o maior de todos os tempos.

Foi exatamente por ter acompanhado esta luta com Fedor de perto e também por estar nos últimos treinos de Pezão, Minotouro e Aldo, tendo visto o quão bem treinados eles estavam, que acreditava no favoritismo de Rogério e tinha plena convicção que se Pezão sobrevivesse ao primeiro round passaria a ser favorito. Foi o que ocorreu.

Minotouro frustrou as tentativas de queda de Rashad e encaixou os melhores golpes, vencendo claramente os dois últimos rounds.

Já Pezão, depois de um primeiro round duro, impôs seu ritmo e deu a maior lição de humildade que o campeão do K-1 já havia recebido: um nocaute.

“Blackzilian é só negócio, hoje eu e Rogério mostramos a importância de se treinar numa equipe unida, onde todos se respeitam e se ajudam. Sou Team Nogueira e ATT até morrer”, vibrou Pezão.

Demian no topo novamente

Se Aldo, Minotouro e Pezão venceram em pé, lá estava Demian para não deixar os americanos esquecerem a origem de toda esta história: O Jiu-Jitsu brasileiro.

Numa das mais impressionantes atuações de toda sua carreira, o faixa preta fez um dos mais duros pesos meio médios da história do UFC (um maiores desafiantes do campeão GSP) parecer um iniciante.

Mais impressionantes que dominar absolutamente o oponente no chão, sua especialidade, foi a maneira com que Demian derrubou o wrestler varias vezes. Nesta luta, só restou mesmo a Jon Fitch a fama de infinalizável. Pelo que fez com os mais duros lutadores desta divisão, ficou claro que não foi Fitch que lutou mal, mas sim Demian que usou a tática perfeita e mostrou mais uma vez que esta entre os top 5 desta categoria. Com esta vitória, Demian certamente subirá várias posições no ranking e, se vencer a próxima luta, certamente terá direito ao title shot.

O único revés da noite foi a derrota de Tibau para Evan Dunhran. O brasileiro, que perdeu 13 kg em 4 dias, começou bem mas sentiu o gás nos últimos dois rounds e acabou sendo dominado pelo americano, perdendo por pontos.

Mas a única derrota do Brasil na noite, nem chegou perto de manchar uma das mais brilhantes noites do MMA brasileiro de todos os tempos.

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