segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Amazon MMA entrevista: A Lenda viva do Jiu-Jitsu Mestre Rickson Gracie


  "O Jiu-Jitsu não serve para brigões"

POR: JACK FIGHT
Um dos conceitos defendidos pela família Gracie na prática do Jiu-Jitsu é de “dar aos fracos a condição de se igualar aos fortes”. Pelo meio, há aspectos espirituais, físicos, emocionais. Um dos grandes herdeiros, Rickson Gracie, sabe disso como ninguém. Considerado o atleta mais completo da família, Rickson, aos 53 anos, agora repassa, por meio de palestras, todo o conhecimento que aprendeu ao longo da carreira como lutador.
Para quem ouve as palavras de Rickson vai entender o porquê de tanta a admiração com o esporte. Entre outros ensinamentos, um deles faz questão de repetir: “O Jiu- Jitsu não serve para brigões, isso fica apenas no preconceito das pessoas”. Um discurso que enaltece o esporte, que ele próprio faz questão de ressaltar as virtudes: “formador de cidadãos, formador de pessoas disciplinadas, de confiança que, em situações adversas, consegue controlar as emoções”.  
Seguindo esses conceitos, ensinados pelo pai e mestre Hélio, Rickson viveu a vida dentro dos tatames e ringues, “destruindo” os adversários. Não foi fácil, mas com muita disciplina e rigidez nos treinamentos, Rickson chegou onde até hoje ninguém esteve. Foi devastador contra quem o ousou desafiar. E com uma técnica apuradíssima foi um grande campeão, oficialmente com 460 lutas disputadas, sem ser derrotado. Virou uma lenda.
De passagem por Manaus no evento “Amazon Black Belt de Jiu- Jitsu”, Rickson falou com exclusividade à revista  AMAZON MMA e disse que Manaus é capaz de potencializar grandes eventos não só de Jiu -Jitsu, mas também de MMA. Assim como todo o restante do país. Ele ressalta que falta mais profissionalismo. Na entrevista, admitiu que o irmão Rorion Gracie  não teve a mesma visão que os irmãos “Fertitta” tiveram quando esteve com a marca do UFC.
AMAZON MMA: O que o senhor está achando do Amazon Black Belt 2?
Rickson Gracie: Eu fico muito feliz em prestigiar o crescimento do Jiu -Jitsu aqui na Amazônia que já vem de algum tempo se tornando o pólo e o celeiro de grandes campeões. O Jiu-Jitsu é um esporte muito complexo, mas aqui no Amazonas tem suporte técnico que combina as empresas privadas, combina as federações, combina o governo, essa é uma mistura que dá certo. Fico feliz de está aqui prestigiando esse evento é o começo de uma alavanca forte para o Jiu -Jitsu nacional.
AMAZON MMA: Como o senhor vê a evolução e o crescimento do MMA e do UFC no Brasil e no mundo, já que tudo começou através da sua família?
Rickson Gracie: Eu vejo que é,  realmente, espantoso as dimensões que o negócio está atingindo a nível mundial, o Brasil é carente de eventos de peso. Grandes valores do próprio UFC são brasileiros. Não vejo motivo, a gente aqui, com público, com iniciativa privada, não montarmos um circo nosso para exportar essas imagens para o mundo e não deixar o UFC vir aqui e capitalizar em cima de nossos talentos, de nosso público, ou seja, levar todas essas faturas para os Estados Unidos. Acho que está na hora de pensarmos como empresa e fazer disso um grande empreendimento para que no certame nacional nós tenhamos não só atletas de nível, mas também mercado comercial que realmente propicie o engrandecimento do esporte, e dos atletas e de toda a estrutura.
 AMAZON MMA: A sua opinião sobre o monopólio do UFC no MMA!
Rickson  Gracie: Por não haver concorrência fica muito difícil de se criar uma ótica geral. Muitos atletas talentosos estão aí esperando uma oportunidade limitada de participar de um evento como o UFC e, às vezes, passam a carreira nesse sonho. Nós teríamos que ter muito mais abertura e, muito mais, mercado pra absorver esses talentos e fazer uma coisa mais generalizada. Isso não está acontecendo. Mas, esforço como esse de profissionalizar os lutadores aqui no Brasil é um bom começo para que um dia a glória seja alcançada.

AMAZON MMA: O que levou seu irmão Rorion Gracie a vender a marca Ultimate Fight Champiochips (UFC) “a preço de banana” (U$$ 2 milhões) para os irmãos Fertitta (ZUFFA), sendo que hoje a marca está avaliada em dois bilhões. Faltou visão de empreendedorismo, já que temos os melhores atletas e a torcida mais barulhenta?
Rickson  Gracie:  É na verdade quando o UFC foi criado a intenção era mostrar a eficiência do Jiu-Jitsu sobre as outras artes marciais. Era um confronto que não tinha peso. Era o Jiu-Jitsu contra o wrestling, o Jiu- Jitsu contra boxe, não havia o que existe hoje. O atleta com um arsenal diferente, boxe, wrestling, Jiu-Jitsu, um Mixer Martial Arts. Antes, cada atleta tinha uma composição complexa no seu treinamento. Eu diria que, hoje em dia, as regras se transformaram e, a partir do momento, que foi vendido os direitos, os FertittaS brothes se incorporaram de uma forma empresarial muito forte, mudando as regras, criando uma coisa mais sensacionalista, um esporte mais extremo, com um tempo mais curto, com umas regras mais dinâmicas. Eles realmente conseguiram capitalizar com atenção e com o sensacionalismo do negócio. Acho que foi um grande passo comercial, um grande passo para o público que eles deram. A eles ( irmãos Fertitta), eu tenho que dar meu braço a torcer, tiveram uma visão comercial de empreendedorismo muito maior que a do meu irmão na época. E o resultado está aí. O povo gosta de ver as lutas, os lutadores estão aí treinando forte e o MMA se tornou um negócio mundialmente famoso.
AMAZON MMA: Temos um povo literalmente lutador e temos empresários que estão entrando no segmento da luta. Nós não poderíamos aproveitar esse número de atletas e mostrar que nós também sabemos fazer grandes eventos shows de MMA?
Rickson Gracie: Com certeza, acho que está faltando uma ótica de uma TV aberta, de grandes patrocínios, de fazer um circuito organizado com uma estrutura comercial bem planejada para que se torne sem dúvida, cada vez mais, popular e forte.
AMAZON MMA: O senhor diria que essa geração do Jiu-Jitsu mais preocupada com a competição com a premiação em dinheiro perdeu a essência filosófica do verdadeiro Jiu-Jitsu?
Rickson Gracie: Sim. Realmente, a coisa está um pouquinho meio cinza porque muitos habilidosos atletas de competição pensam que é isso que eles têm de ensinar na academia. Eu acho que a mola mestra, a espinha dorsal do Jiu-Jitsu está na defesa pessoal, está na composição de aplicações de técnicas para dar ao fraco as condições de se igualar ao forte. Esse processo se diminuiu um pouco porque as regras de competição têm de ser seguidas, são atletas de mesmo peso. A situação é muito mais para o esporte do que para defesa pessoal. Esse é um resgate pessoal que o Jiu-Jitsu tem de fazer, mas na verdade está sendo feito muito devagar. Resgatar a filosofia do Jiu-Jitsu é um trabalho que me motiva.
AMAZON MMA: A sua mensagem para aquele jovem que pensa em se iniciar no Jiu- Jitsu!
Rickson  Gracie: É muito importante para aquele que pensa em treinar Jiu-Jitsu conhecer a profundidade da técnica, de uma forma onde ele se sinta confortável, não em ganhar campeonato, mas em saber que ele pode se defender em situações adversas.
AMAZON MMA: Da dinastia Gracie eu pessoalmente lhe considero o Gracie mais completo até mesmo pelos seus números!
JACK FIGHT EDITOR DA REVISTA AMAZON MMA  COM A LENDA DO JIU JITSU MESTRE RICKSON GRACIE
Rickson  Gracie: Obrigado a você ! VIDA LONGA A REVISTA AMAZON MMA. 

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