quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Clima de “nós contra eles” e muito otimismo nos bastidores do UFC 156


Clima de “nós contra eles” e muito otimismo nos bastidores do UFC 156

  Marcelo Alonso, de Las Vegas (EUA)
Marcelo Alonso
José Aldo, Minotouro e suas equipes treinaram juntos em Vegas
José Aldo, Minotouro e suas equipes treinaram juntos em Vegas


Por mais que o esporte tenha evoluído e exista uma tendência natural de cobrança do profissionalismo do confronto entre atletas e equipes, e não mais ao velho Brasil x Estados Unidos, que tanto marcou a história do esporte nos anos 90, o fato é que os dois países tem os maiores nomes do MMA mundial e não há como negar que exista naturalmente esta rivalidade. Principalmente diante de um card como deste UFC 156, que vai acontecer no sábado em Las Vegas, onde 3 das 4 lutas mais aguardadas são entre brasileiros e americanos (Frankie Edgard x Aldo; Rashad Evans x Rogério Minotouro; Jon Fitch x Demian) e uma entre um brasileiro e um holandês que treina na Blackzilians (Pezão e Overeem).

Já na chegada ao hotel me encontrei com diversos colegas da imprensa para uma coletiva agendada pelo manager de Demian Maia, Eduardo Alonso, as 17:30hs só para a imprensa brasileira.
Demian conversou por quase duas horas com os colegas e garantiu que está pronto para o desafio. Após quase três meses de treinos com Léo Vieira, Vagão, Adrian Jaoude e um time de sparrings de altíssimo nível, Demian nos passou bastante confiança. “Já estou mais confortável para bater o peso, hoje devo estar com 81kg, mas mesmo sabendo que ele é dureza, de minha parte sei que estou muito bem treinado”, garantiu o paulista sem arriscar um placar no confronto entre as duas maiores potências do MMA mundial no sábado: “São todas lutas dificílimas, sem favoritos”.

Na saída da sala encontrei com Marcos Parrumpinha, Jucão, Macarrão e Katel chegando na área reservada aos treinos (vizinha ao octagon) para coordenar os penúltimos sparrings de Pezão e Tibau. Pezão chegou logo depois, dividindo o tatame com Joseph Benavidez e Jon Fitch, que me aparentou estar em excelente forma fazendo 20 minutos de manopla e mais 20 de chão com Camarillo.

Muito calmo e confiante, Pezão destinou seu treino todo à manopla com Katel Kubis, apesar de ainda treinar algumas posições no chão com Roan Jucão. “Eu sou estilo Carlson, não sou de elogiar, mas nesta luta os fãs podem esperar um Pezão 100%, o Katel alinhou ele muito bem”, garantiu o faixa preta do falecido Gracie e treinador da ATT Marcos Parrumpinha Da Mata.
Jucão disse que o Camp do brasileiro foi excelente, contando com sparrings do nível de Pedro Rizzo, Vitor Miranda e do holandês Michael Duhh, isso sem falar no wrestler Steve Moco, que de acordo com Jucão venceu Cain Velásquez oito vezes no Wrestling.

“Já estou quase no peso, só faltam 6 kg para bater 120”, disse muito tranquilo ao fim do treino Pezão, enquanto Jon Fitch conferia seu peso sentado numa balança ao fundo da sala.
Pouco antes de Fitch sair, Tibau chegou com o bom astral característico, sem apresentar nenhuma preocupação pelos 13kg que tem que perder nas próximas 72hs. “Vai ser dureza, mas vai dar, como sempre”, disse o Potiguar apostando numa luta da noite com Dunhan. “Ele é duríssimo e também luta pra frente. Os fãs podem esperar um lutão”, disse o atleta da ATT, que vem de vitória sobre Massaranduba.

Assim que Tibau chegou meu radio tocou. “Eu, Rogério e Feijão já estamos partindo para a academia do Fredson. Nos encontramos lá”, dizia Sérgio Cunha do outro lado.
Na saída da área de treinos me encontrei com Mario Sperry chegando com Rashad Evans. “Vou fazer uma força com esta fera, me liga amanhã para conversarmos com calma”,convidou o treinador.

Confesso que foi um encontro que me trouxe de volta a atual conjuntura do MMA, para fora daquele clima de Brasil e EUA. Afinal, perdi as contas das vezes que fiquei no quarto de Sperry na era Pride. Para mim é impossível não associa-lo aos irmãos Nogueira. Impossível não se colocar na pele de Zé Mario. Fazer o que? Um treinador de altíssimo nível, líder nato que conhece MMA como poucos, sem nenhuma proposta de emprego no Brasil, recebe um convite para treinar e ter seu trabalho valorizado na Blackzilians. Como não entender? E a maior prova da mudança de mentalidade do MMA é que não vi ninguém nos bastidores criticando Sperry. Este exemplo mostra a mudança da mentalidade principalmente no Brasil, onde cada vez mais o MMA passa a ser entendido como esporte profissional, como nos EUA, e não como arte marcial, algo extremamente natural, afinal tudo começou com a família Gracie e com o nosso Jiu-Jitsu.

Aldo e Minotouro treinam juntos na academia de Fredson Paixão

Na saída do Mandalay me encontrei com meu colega da Tatame, Eduardo Ferreira, e juntos partimos para a nova academia de Fredson, onde estavam treinando as equipes de Minotouro e José Aldo. Recém comprada pela filha do diretor de cinema George Lucas, que também é lutadora de MMA, a Syndicate MMA tem uma área excelente, com dois tatames gigantes e um octagon, onde as duas equipes se dividiram.

Após um breve aquecimento com manopla, Aldo e Minotouro se juntaram no octagon onde membros das duas equipes faziam uma espécie de intercâmbio.

Enquanto Cunha e Feijão treinavam grade com Rogério, Pedro Rizzo e Pederneiras vieram várias vezes conversar com Rogério lhe dando dicas sobre Rashad.

Mais preocupado com o processo de perda de peso José Aldo se concentrava nas manoplas com Pedro Rizzo e nos treinos de grade com os companheiros Marlon e Raoni.

O treino acabou quase 11 da noite, enquanto o grupo de Pederneiras voltou para o hotel pedindo a refeição no quarto, Eu e Eduardo partimos com Minotouro, Cunha, Feijão e Carlão Valente para jantar no único restaurante que estava aberto no Mandalay Bay.

Lá encontramos a equipe da ATT e juntamos a mesa. Com quase 15 brasileiros juntos “conversando”, falando de treinos e contando histórias, a paz dos outros clientes terminou e o jantar foi quase até 1:30 da matina.

A reunião acabou num convite e amanhã todos os brasileiros farão seu último treino juntos na academia de Fredson.

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